sexta-feira, 8 de abril de 2011

O TRÁFICO DE ESCRAVOS: um negócio muito negócio lucrativo

No período compreendido entre 1502 e 1860. Mais de nove milhões de africanos já estavam na América, sendo a maior parte deles de homens negros, e com idade de trabalhar para dar uma boa produção. Porém no século XVIII, é que ocorre o recorde da chegada de negros às Américas mais de seis milhões. Nesse período todas as potências mundiais engajavam-se naquele que era o mais lucrativo negócio da atualidade, até mesmo que a própria produção das colônias americanas, inclusive no Brasil, em seus principais pólos produtivos.
O mapa de distribuição dos negros africanos nos mostra quais foram os centros produtores do país que por mais de três séculos receberam grande número de africanos, e que no seu processo de formação fundamentado nas relações de exploração dos bens naturais e minerais da colônia, além da exploração das pessoas como dito anteriormente primeiro o índio, considerado inútil para o trabalho manual, no tocante à produção de longa escala como era o objetivo dos colonizadores, já que o mesmo produzia apenas para seu sustento cotidiano, e não tinha local definido de moradia podendo mudar-se de acordo com a oferta de gêneros para seu sustento na natureza, sendo esse o primeiro ato de desconsideração dos costumes culturais dos nativos, o segundo foi o africano, além dos inúmeros brancos pobres livres vindos de vários lugares da Europa.
Vale a pena salientar, que é no período da invasão holandesa no nordeste do Brasil, que o trafico de escravos vai aumentar consideravelmente, devido os navios flamengos serem maiores que os lusos, o que possibilitaria a acomodação de um numero maior de pessoas, só o que não mudou foi a forma e o tratamento que o negro recebia na viagem pelo atlântico. No entanto, durante muito tempo existiram movimentos contrários a escravidão e ao tráfico  de seres humanos. Mas, é somente a partir de 1850, que o governo brasileiro decide dar o primeiro passo para o fim da escravidão e assina a lei Eusébio de Queiroz, proibindo o tráfico negreiro no atlântico, isso  pressionado pela Inglaterra que já havia feito sua abolição e estava em processo de expansão comercial, bem como em busca de mercado  consumidor para seus produtos, além de autorizar o governo inglês a afundar qualquer navio negreiro.
Em se tratando do africano, o foco desse estudo, é mostrarmos que sua história e costumes confunden-se a todo o momento com a história do Brasil, com todos os elementos culturais trazidos com eles e os aqui desenvolvidos ao longo do tempo na perspectiva de manter alguns aspectos culturais bem como fazer uso dos seus costumes integrados a manifestações dos seus exploradores, como é o caso das religiões de matriz africana, que foram integradas ao catolicismo trazido pelo europeu, e imposto ao negro e ao índio, como um elemento a mais no processo de colonização, e segregação dos povos, tanto colonos como os colonizados, mesmo assim os negros mantiveram seus cultos religiosos, em dias de feriados dos santos católicos,  formando o sincretismo religioso, onde se cultuavam divindades africanas com nome de santos católicos.
A descaracterização do africano como pessoa, dava-se ainda na África no instante do seu aprisionamento, às vezes como já citado pelo próprio negro de etnias diferentes e inimigas, onde passavam de condição de pessoas à de simples peças, deixando de existir como individuo livre na sociedade em que vivia para a partir daquele momento em local estranho ser submetido a diversas práticas de desculturação, onde suas culturas e costumes foram totalmente relegados em detrimento de uma nova cultura, onde o negro precisou passar pelo processo de aculturação, processo esse que teve como ponto principal a linguagem, ou seja no coso do Brasil, a língua portuguesa mais a religião o catolicismo, já que a própria igreja considerava o negro sem alma e por isso compactuava com a instituição escravista, alegando que eram seres que precisavam sair do paganismo e serem convertidos ao catolicismo, o que aconteceu com milhares de negros. Com isso contatam-se o desrespeito as religiões africanas praticadas pelos negros em seu continente de origem, acentuado o desrespeito à cultura daqueles povos.
Vendo-se assim, sem poder praticar seus ritos religiosos os negros utilizaram-se do catolicismo para poderem manter algumas tradições religiosas de sua origem, no entanto isso ocorria em dias de festas de santos católicos, para que os senhores não desconfiassem e pensassem que estava-se cultuando o santo do dia. É nesse contexto que surge o sincretismo religioso nos terreiros das senzalas, bem com a transcrição dos nomes de santos católicos para santos africanos, fato esse que ocorre ainda hoje, mesmo havendo um momento de grande repressão aos cultos africanos no Brasil após o advento da república, onde forem fechados diversos terreiros de candomblé, rodas de capoeiras, que passou a ser crime sua prática em locais públicos, e diversos capoeiristas foram presos e condenados, muito a penas na cadeia outros ao degredo na ilha de Fernando de Noronha, o que hoje seria um grande prazer, mas na época? No entanto, sua liberação se deu apenas no governo de Getúlio Vargas, porém desde que essa prática ocorresse em recinto fechado, analisaremos mais adiante essas questões.
Tanto a capoeira quanto o candomblé são heranças culturais africanas que o homem branco perseguiu durante todo o período escravocrata, e até mesmo após o fim da escravidão, mas não foram as únicas heranças, já que a influencia da cultura africana se deu em diversas áreas, como a culinária, a vestimenta, a linguagem como é destacado na celebre obra de Gilberto Freyre, casa grande e senzalas, onde o autor destaca as relações conflituosas e harmoniosas entre os dois extremos da sociedade colonial, principalmente em relação à linguagem falada no recinto negro que era levado para a casa grande pelos filhos de senhores de engenho, que viviam nos arredores das senzalas, assim como os escravos jovens antes de atingir idade de trabalho circulavam com certa liberdade nas imediações da casa grande.